Carol Dartora: conheça a primeira deputada federal negra eleita no Paraná
Com mais de 130 mil votos, a vereadora de Curitiba foi a 8.ª candidata à Câmara mais votada em Maringá.
Pela primeira vez na história, o Paraná elegeu uma deputada federal negra. Carol Dartora (PT), vereadora de Curitiba, foi eleita no último domingo (2) com 130.654 votos, a décima candidata mais votada no estado e a oitava com votação mais significativa em Maringá.
Nascida e criada em Curitiba, Carol é professora graduada em História pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Como vereadora da capital do estado, foi a terceira mais votada em 2020. Durante seu mandato, conseguiu aprovar pautas relacionadas à diversidade, ações afirmativas e feminismo.
“Mesmo sendo oposição ao governo municipal, aprovamos leis de grande impacto social, como a lei de cotas para pessoas negras e povos indígenas nos concursos públicos e a lei que garante prioridade no atendimento de mulheres vítimas de violência”, afirma.
Agora, eleita deputada federal, seu foco é levar as pautas de grupos historicamente marginalizados ao Congresso Nacional. Defensora dos direitos trabalhistas, a segunda candidata mais votada da Federação Brasil da Esperança (PT, PC do B, PV) quer estender para todo o Paraná sua política de defesa da população LGBTQIA+, mulheres, população negra, educação e meio ambiente.
Para Carol, além de estar em destaque como uma representante da população negra em um espaço de poder, o palanque nacional servirá para ampliar ainda mais aquilo que defende. “Eu sou autora de mais de 30 projetos de lei em Curitiba. Todas essas propostas buscam transformar as estruturas da sociedade e é assim que vamos continuar trabalhando, porque as nossas pautas são urgências de vida. Demoramos muito para chegar nesse espaço, então a gente não gosta de ficar esperando, a gente trabalha para ver a mudança acontecer”.
A renovação da lei de cotas e o combate à fome são alguns dos pilares mais importantes para o próximo ano e o foco de seu trabalho também continua voltado para a diversidade, combate ao racismo e violência de gênero. Segundo Carol, para que mais mulheres e pessoas negras possam ocupar espaços de poder, é necessário combater a agressividade com a qual pessoas como ela são recebidas na vida pública e na política.
A representatividade de grupos minoritários foi destaque este ano. As eleições de 2022 tiveram recorde de candidatos LGBTQIA+ eleitos. Ao todo, foram 18 parlamentares — o dobro do número de 2018. As primeiras deputadas trans da história, Erika Hilton (PSOL - SP) e Duda Salabert (PDT - MG), conquistaram suas cadeiras no Legislativo com algumas das maiores votações em seus estados. Já dentre os indígenas, cinco deputados foram eleitos. Em toda a história da política brasileira, apenas dois conquistaram um espaço na Câmara: Mário Juruna, em 1982, e Joênia Wapichana, em 2018.
Além disso, também foram eleitos 135 parlamentares que se declaram como pretos ou pardos e 91 deputadas federais, a maior representação da história. Para Carol, esse é um passo na direção certa.
“Estamos rompendo barreiras impostas pelo racismo, pelo machismo e pela intolerância ao diferente que ainda estruturam a nossa sociedade. Ainda somos minoria nos espaços de poder e decisão, mas estamos avançando e vamos avançar muito mais, porque a nossa luta é imparável e mudar essa desigualdade é um desejo da sociedade”.
Carol foi a oitava candidata à Câmara dos Deputados mais votada em Maringá e a deputada eleita tem um recado para a população. “Quero agradecer aos maringaenses pela votação muito expressiva nessa cidade que tem um povo maravilhoso, que me acolheu com muito carinho, entendeu e aceitou o nosso convite para reagir e eleger a primeira mulher negra em uma candidatura que representa a vontade de mudança das estruturas da nossa sociedade”, conclui.