Pesquisadores do Paraná descobrem nova espécie de besouro
Inseto com manchas vermelhas e brancas foi desvendado pelo Laboratório de Genética e Evolução da UEPG.

Pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) identificaram uma nova espécie de inseto, o Besouro Saltador dos Campos Gerais. A descoberta é inédita no mundo e foi feita pela equipe do Laboratório de Genética e Evolução (Labgev), que utilizou técnicas de análise genética e de morfologia.
{compartilhar}
Pequeno, com manchas vermelhas e brancas, o besouro tem presença em toda a região Sul e no estado de São Paulo. O estudo foi conduzido pela professora do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas, Mara Cristina de Almeida, juntamente com os mestrandos Raylen Ramos e Bruno Begha.
Leia também:
- Uso de IA afeta níveis neurais, linguísticos e comportamentais dos jovens, aponta pesquisa
- Boletim semanal da dengue registra mais 13 mortes no Paraná
- Contorno Sul de Maringá será duplicado em concreto; veja o vídeo do projeto
- Nando Reis se apresenta em Maringá com turnê ‘Nando Hits’
Para realizar a análise, a equipe coletou cerca de 52 besouros em Itaiacoca, distrito a 32 km de Ponta Grossa. Levados a laboratório, após descrição e análise, a equipe classificou o inseto com o nome científico Alagoasa neoequestris sp. nov.
A descoberta da nova espécie se deu enquanto a equipe do laboratório pesquisava os Alticinis – besouros-saltadores ou besouros-pulga, que têm a grande capacidade de saltar cerca de 30 vezes o próprio tamanho.
“Estávamos em campo, recolhendo estes besouros, e quando os levamos para observação no laboratório vimos que eles tinham morfologias [forma e estrutura] muito semelhantes, mas a quantidade de cromossomos era muito diferente”, conta Mara.
Os pesquisadores encontraram duas espécies já conhecidas (a Omophoita communis e a Omophoita equestris), mas faltava entender a novidade.
“Foi quando nos deparamos com uma terceira espécie, que era muito igual a essas duas em questão de estrutura. Quando pedimos a identificação, percebemos que ainda não se tinha conhecimento deste besouro, e que tínhamos em mãos uma espécie nova”.
A descoberta, então, passou a fazer parte da pesquisa do Mestrado em Biologia Evolutiva de Raylen Ramos, em 2020.
“Esse trabalho exigiu muita responsabilidade e provamos a cada etapa que era uma nova espécie. Quando eu escolhi fazer biologia, eu não imaginava que eu teria essa oportunidade. Foi um marco pra mim, uma conquista”, conta.
Raylen estudou o Besouro Saltador dos Campos Gerais geneticamente, determinou o número e o comportamento dos cromossomos na divisão celular, além de análises moleculares, que auxiliam os pesquisadores a separar as espécies.
Para descrever de forma completa a nova espécie, Bruno Begha integrou a equipe na função de sistemata – pesquisador que estuda ou cria sistemas de classificação.
“Meu papel foi auxiliar e verificar se a morfologia da espécie que estávamos trabalhando era única ou compatível com alguma espécie já descrita ou conhecida”, conta.
A equipe comparou as diferenças anatômicas entre os besouros, desde a cor das asas e estruturas da cabeça e da genitália.
“A genitália desses besouros funciona em um sistema ‘chave-fechadura’, em que a forma, tanto dos machos quanto das fêmeas, tende a ser única para cada espécie. Isso torna uma característica útil e comumente usada para identificar e registrar novas espécies”, completa.
O novo besouro já está nas revistas científicas. A fotografia do inseto virou capa da revista internacional Zoologischer Anzeiger, que trata de estudos da zoologia.
“Ele é um besouro muito bonito, muito simpático, então ficamos muito felizes, porque é uma forma de reconhecimento”, destaca a professora Mara. A docente trabalha com besouros há mais de 20 anos.
“Ficamos muito felizes como docentes de ver o trabalho dos nossos alunos ser reconhecido, porque o trabalho científico depende de divulgação e publicação dos nossos trabalhos. É gratificante ver a evolução dos nossos alunos”, conclui.