CINEMA

Em ‘Rivais’, os garotos da Zendaya dão tudo de si em quadra; filme está nos cinemas de Maringá

Dirigido por Luca Guadagnino, longa utiliza tênis como artifício para triângulo amoroso vivido pelos personagens principais.

Em ‘Rivais’, os garotos da Zendaya dão tudo de si em quadra; filme está nos cinemas de Maringá
Mike Faist, Zendaya e Josh O'Connor em "Rivais". - Foto: Divulgação MGT

Em comparação a outros esportes, o tênis pode ser um dos menos emocionantes: dois jogadores em quadra, a bola lançada de um lado para o outro com a raquete. Dependendo da qualidade dos oponentes, os jogos são fáceis, com resultados previsíveis, que podem acabar rápido ou, então, ser batalhas infinitas.

{compartilhar}

Mas quando a partida é boa, uma final de copa do mundo parece um passeio no parque. Às vezes, não importa quem ganhou ou se já se passaram 40 minutos ou cinco horas, é uma honra assistir.

Assim como um bom jogo de tênis, ‘Rivais’ novo filme do diretor Luca Guadagnino (‘Me Chame Pelo Seu Nome’), em cartaz em Maringá, te deixa com as mãos suando, à espera da próxima jogada do roteiro escrito pelo dramaturgo Justin Kuritzkes, e revigorado assim que os créditos aparecem. Aqui, as quadras são espaço não só de disputa pelo próximo ponto, mas também servem como demonstração de desejo, um jogo de gato e rato entre os relacionamentos dos personagens, transformando um esporte com quase nenhum contato físico em uma dança sexy e praticamente erótica.

Patrick Zweig (Josh O’Connor) e Art Donaldson (Mike Faist) são melhores amigos e dupla no tênis que se veem hipnotizados por Tashi Duncan (Zendaya), promessa do esporte. Depois de se conhecerem em uma festa, os três jovens se envolvem em um triângulo amoroso no qual todas as pontas se conectam, de um jeito ou de outro.

A carreira de Tashi é interrompida por uma lesão e ela passa a treinar Art, agora seu marido, alçando-o a um outro patamar. Se antes ele vivia à sombra de Patrick, anos depois, ele coleciona alguns Grand Slams graças à esposa, impiedosa no controle de sua carreira. Enquanto isso, seu ex-melhor amigo se tornou um jogador fracassado, sem dinheiro nem para comprar comida e à procura de encontros no Tinder só para ter onde dormir.

Próximo da aposentadoria, Art tem perdido muitos jogos e, com o objetivo de reanimá-lo, Tashi o inscreve em um Challenger, torneio com menor dificuldade que reúne jogadores nas posições mais baixas do ranking e renderá vitórias fáceis na preparação para o US Open, o único grande torneio que ele ainda não ganhou. No entanto, Patrick está no meio do caminho e, pela primeira vez em 13 anos, ela assiste a um jogo dos dois da arquibancada.

O trio principal tem uma química inquestionável e Zendaya, em seu primeiro papel principal da carreira, interpreta Tashi com vulnerabilidade controlada. A personagem é tenaz, característica adquirida durante a juventude como uma jogadora talentosa e de origens humildes, e sua ambição é o fio condutor do sucesso do marido. Faist emprega a Art sensibilidade, enquanto O’Connor é seu oposto com o charmoso e feroz Patrick. Em tela, os dois juntos são eletrizantes e compartilham as melhores cenas do filme.

Guadagnino, em entrevista à revista Little White Lies, disse achar o esporte sem graça. “Eu não assisto jogos de tênis. É um pouco chato para mim”. Ainda bem, porque em ‘Rivais’, há um esforço perceptível em deixar o tênis o mais interessante possível. O espectador se sente praticamente posicionado dentro de quadra — essas cenas são acompanhadas por uma trilha sonora techno oitentista, composta pelo duo Trent Reznor e Atticus Ross, da banda Nine Inch Nails, que ajuda a dar o tom para essa atmosfera. A câmera se move com a bola ou, em dados momentos, é a bola. Em uma cena, a perspectiva nos posiciona debaixo da quadra, olhando os jogadores em cima da linha. 

Nos filmes do diretor italiano, o corpo sempre é um objeto de diferentes tipos de fascinação — a dança macabra em ‘Suspiria’, inúmeras cenas de ‘Me Chame Pelo Seu Nome’ ou os momentos canibais de ‘Até os Ossos’ — e em ‘Rivais’ não é diferente: Guadagnino e o diretor de fotografia Sayombhu Mukdeeprom mostram a fisicalidade e emoção dos atores sensualmente, intensificadas por close-ups e cenas em slow motion — usado de maneira criativa, mas, por vezes, em excesso — de rostos suados e corpos prontos para o saque. Os dois garotos da Tashi fazem de tudo em quadra para impressioná-la e exorcizar seus sentimentos, enquanto Guadagnino faz questão de enfatizar que o prazer é todo nosso em assistir tão de perto.

Clique aqui e confira as sessões de “Rivais” disponíveis nos cinemas de Maringá.

Maringa.Com
Por Vanessa Santa Rosa